Projeto Educativo

Projeto Educativo 2023-2027

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Seja terra, disse o mestre.

A terra recebe os dejectos de homens e animais, e não é perturbada por isto; muito pelo contrário, transforma as impurezas em adubo, e fertiliza o campo.

Seja água, disse o mestre.

A água limpa a si mesma, e limpa tudo aquilo que toca. Seja água em torrente.

Seja fogo, disse o mestre.

O fogo faz a madeira podre transformar-se em luz e calor. Seja o fogo que queima e purifica.

Seja vento, disse o mestre.

O vento espalha as sementes sobre a terra, faz o fogo arder com mais brilho, empurra as nuvens - para que a água caia sobre todos os homens.

Se você tiver a paciência da terra, a pureza da água, a força do fogo, e a justiça do vento, você está livre

(A.D.)

Introdução

O Projecto Educativo (PE), é um documento estratégico que permite à Instituição delinear linhas de acção, que sirvam para nortear o caminho a desenvolver durante um determinado período. Tem a validade de quatro anos consecutivos e irá orientar a acção educativa e esclarecer as finalidades das actividades pedagógicas.

Podemos afirmar que o PE é o “espelho” da Instituição educativa onde se estabelecem objetivos que a comunidade educativa pretende alcançar e que define a estrutura organizativa; articula as necessidades contextuais, organizacionais e específicas da Instituição. Este documento envolve todos os intervenientes educativos - crianças, pais e comunidade educativa em geral, pois é na partilha de conhecimentos, experiências, interesses, que vamos encontrar a riqueza e a variedade de subtemas, que irão contribuir para o desenvolvimento de diferentes actividades, cujo objectivo final é alargar conhecimentos e competências a partir da concepção de estratégias que nos permitam ir ao encontro do Projeto Educativo.

Pretendemos que este Projeto seja inovador, global e dinâmico. O mesmo será desenvolvido paralelamente com o Plano Anual de Atividades (PAA) das diversas respostas sociais.

Partindo dos interesses e necessidades das crianças ,da pertinência de que se reveste um trabalho mais reforçado acerca do mundo ao qual pertencemos e do qual fazemos parte activa e que necessita urgentemente de uma sensibilização que leve a comportamentos mais assertivos e conscientes, entendemos ser da maior importância elaborar o projecto educativo dos próximos quatro anos, tendo por base os quatro elementos da Terra dando enfoque a cada um deles no ano respectivo a trabalhar, embora tenhamos sempre de ter em conta que se complementam e interligam entre si. Deste modo surge o título deste projeto educativo “Água, fogo, terra, ar…e nós vamos viajar!” que irá contemplar as linhas orientadoras deste projecto.

Auscultando as crianças surgiram ideias e sugestões bastante interessantes. A saber: TERRA - não desperdiçar alimentos (pousio), ver uma nascente, plantar e semear e ver uma cebola a crescer, ouvir histórias e ver filmes da Terra e dos quatro elementos juntos. AR - ver o efeito do fumo, ouvir histórias de ar, ver filmes e histórias dos quatro elementos. ÁGUA - lavar coisas, ver onde nasce a água, ouvir histórias da água e dos quatro elementos, ver o vapor de água, ver a poluição da água, poupar água, ver filmes da água. FOGO - ver as cozinheiras a fazer comida, ver o fumo do fogo no fogão, ouvir histórias do fogo e dos quatro elementos, ver filmes do fogo.

Caracterização da Instituição e Concelho

a) Enquadramento legal da instituição.
Por despacho de 22 de Setembro do Secretariado de Estado da Segurança Social são aprovados os estatutos por que é criada e deve reger-se a Bela Vista, pessoa colectiva de utilidade pública, in Diário da República, III série de 23 de outubro de 1978.

b) População Utente
A Bela Vista – Centro de Educação Integrada responde à área geográfica do concelho de Águeda, sendo constituída actualmente pelas seguintes respostas:

Centro de Atividades Templos Livres (CATL) – 80 Crianças;
Creche – 39 Crianças;
Creche Familiar – 5 Amas em Acordo, 8 Crianças em 2 Amas no Ativo;
Jardim de Infância / Pré-Escolar – 88 Crianças;
Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental – 29 Famílias, das quais 23 na modalidade de Preservação familiar e 6 na modalidade de Reunificação Familiar, num total de 98 e 25 indivíduos, respectivamente.

Os nossos grupos são constituídos de forma heterogénea, nomeadamente nas idades de Pré-Escolar e CATL e na área social e cultural em todas as respostas sociais. Assim, temos no total dos nossos utentes , 19 crianças de famílias de risco social, 9 crianças de etnia Cigana, 36 crianças imigrantes e 12 crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE).

c) Órgãos de Gestão e Coordenação
Em termos organizacionais a Instituição, encontra-se estruturada de acordo com o seu organigrama, afixado na entrada da mesma.

d) Recursos Educativos
Na Instituição trabalham 32 pessoas, com as seguintes funções:6 educadoras de infância, 2 técnicas de serviço social, 1 psicóloga, 1 animadora sociocultural, 13 ajudantes de ação educativa, 2 administrativas, 1 motorista, 4 auxiliares de serviços gerais, 1 cozinheira e 1 ajudante de cozinha. No âmbito da Creche Familiar contamos com 2 amas legalizadas.
Ao longo do ano vamos contando com estagiários, pessoas ao abrigo dos programas “Inserção” e “Inserção +”, voluntários entre outros. Todos estes elementos contribuem para o desenvolvimento do nosso trabalho. Também contamos com o apoio de uma educadora de intervenção precoce, colocada através do Ministério da Educação e de uma terapeuta de fala, através dos protocolos de subsídios da Segurança Social.

e) Componente de Apoio à Família (CAF)
A educação Pré-Escolar proporciona actividades educativas e apoio à família, designadamente no âmbito de actividades de animação socioeducativa. A CAF faz parte integrante da educação Pré-Escolar e dos objectivos a prosseguir pelos Jardins de Infância. Aos educadores de Infância titulares de grupo, compete zelar pela supervisão pedagógica e acompanhamento das atividades da CAF.

f) Atividades Extracurriculares (AEC´S)
As crianças das respostas sociais de Creche, Creche Familiar, Pré-Escolar e CATL beneficiam de atividade de Expressão Musical e Expressão Motora/Atividade Física, com excepção da Creche Familiar. O CATL beneficia ainda, do projecto OCA em parceria com a D’Orfeu e do Projeto Escolhas 8ª Geração em parceria com os Pioneiros. A Creche beneficia de Ioga.

g) Projeto Cidade Amiga das Crianças
Este projecto desenvolve-se em torno do 12º artigo da Convenção dos Direitos da Criança e o seu objetivo é promover a Cidadania participativa na Infância. O trabalho anual decorre dos interesses das crianças e do que cada grupo observa, questiona e valoriza.

h) Outros Projectos e Parcerias
Com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento local, sempre numa perspetiva ecológica do desenvolvimento humano, de aprendizagem permanente, a Bela Vista, como comunidade de interesses, tem desenvolvido Parcerias e Projetos que não só contribuem para a resolução de problemas, como também são espaço de reflexão e de crescimento organizacional.

1. Integrar equipas multidisciplinares de modo a reflectir e contribuir para a eficácia das respostas dadas e para a promoção do trabalho em rede:

a) - Rede Social/Núcleo Executivo;
b) - Conselho Municipal de Educação;
c) - Conselho Municipal de Segurança;
d) - Conselho Municipal da Juventude - CAFAP;
e) - Conselho Geral – Agrupamento de Escolas de Águeda;
f) - Rede Europeia Anti Pobreza – EAPN;
g) - Rede Nacional de CAFAP’s;
h) - Colaborar com a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Águeda - CAFAP.

2. Estabelecer Parcerias/Protocolos com:

i) Câmara Municipal de Águeda:

a. -Protocolo no âmbito das Actividades de Enriquecimento Curricular/AEC, com a colocação de 3 professores de actividade física e desportiva, no Agrupamento de Escolas de Águeda;
b. Protocolo no âmbito das Refeições Escolares para as crianças do 1º ciclo;
c. Protocolo no âmbito do projecto “Brincar na Alta Vila” - Creche

j) Centro de Saúde de Águeda:

a. Projecto “Escutar os Silêncios” – no âmbito da violência doméstica, com o objectivo de encaminhar vítimas de violência com filhos menores a cargo, para a resposta social CAFAP
b. Projecto “Cres(Ser)” – a ser desenvolvido com a resposta social de Creche na vertente formação com o objectivo de introduzir boas práticas pedagógicas;

k) Estágios – espaços de aprendizagem, difusão e partilha das nossas práticas pedagógicas.
l) Continuar a desenvolver o Projecto Olhar o Futuro II, financiado pelo Active Citizens Fund, da qual a Fundação Calouste Gulbenkian e a F. Bissaya Barreto são as gestoras, investindo na capacitação dos recursos humanos e na capacitação interna da Organização através da execução e implementação dos Planos de Comunicação e Marketing, Angariação de Fundos e Baseline para a Avaliação do Impacto;
m) Continuar a desenvolver o projeto Be-Inclusive, do Programa Erasmus +, transnacional, em parceria com a Universidade de Aveiro, Gent/Bélgica e Reiquiavique/Islândia, e com a instituição Shalom e mais dois Centros Educativos de cada uma das cidades mencionadas, cujo objectivo é identificar boas práticas no trabalho com crianças com necessidades especiais e com pais para a Inclusão. Sermos um centro de Educação e Cuidado de alta qualidade.

Contexto Geográfico e Socioeconómico

A Bela Vista faz parte da Rede Social e Educativa, enquanto Instituição Particular de Solidariedade Social, de Águeda, um concelho do distrito de Aveiro, inserido na região Centro e sub-região do Baixo Vouga. Águeda foi elevada à categoria de cidade em 1985. O concelho de Águeda é constituído administrativamente por 11 freguesias/ uniões de freguesias. Tem uma área de aproximadamente 335 Km2, sendo o maior do distrito de Aveiro. Apresenta uma grande diversidade topográfica, desde as áreas serranas, muitas delas isoladas pelas fracas condições de acessibilidades, até às zonas mais planas, de terrenos férteis e propícios à agricultura. De acordo com o Censos 2021, a população residente é de 46 119 habitantes e a densidade populacional de aproximadamente 137,3 hab/km2. Comparativamente ao Censos 2011, continua a verificar-se a tendência de descida da população, com a diminuição de 1546 residentes e um aumento do índice de envelhecimento de forma significativa. A taxa de actividade da população residente situa-se nos 63,7% segundo dados do INE de 2020, sendo ligeiramente inferior à de Portugal Continental e da região do Baixo Vouga. Relativamente às actividades económicas, verifica-se o predomínio no sector da indústria transformadora na área da metalomecânica, nomeadamente a indústria de “duas rodas” (bicicletas e motociclos) e de materiais de construcção, pelo que Águeda tem merecido o epíteto de “terra das ferragens” por este ser, a par do fabrico de motociclos, o sector industrial privilegiado.

Águeda é atravessada por um rio que continua a ser um importante recurso de uma área agrícola extremamente fértil na produção de milho, fruta, vinho e madeira. Um número considerável de freguesias do concelho está inserido na região da Bairrada, famosa pelos seus vinhos e o seu leitão assado. Reunidos pelas aprendizagens na diversidade tem também uma forte tradição artesanal, como a olaria, a tecelagem, a cestaria, a latoaria, a tanoaria, os bordados e os rendados. Existe ainda no Município, um potencial que permite a evolução para formas de competitividade assentes na incorporação de serviços, do conhecimento e de tecnologia, associados à presença da Escola Superior Tecnologia e Gestão de Águeda.

Águeda é ainda um concelho que, devido à sua riqueza natural, patrimonial, cultural e paisagística, apresenta um elevado potencial turístico, ainda por desenvolver.” (CMA 2014).

Mais dados sobre o Concelho de Águeda podem ser consultados nomeadamente na carta Educativa e/ou Diagnóstico Social do Município.

É neste contexto que está inserida Bela Vista-Centro de Educação Integrada. Na instituição recebemos crianças de várias freguesias do concelho e de diferentes estratos sociais identificando algumas situações de risco e de carência sócio económicas, dando assim, expressão à nossa Missão.

E o “dinamismo dos agentes locais fez de Águeda um centro industrial com uma área de influência que vai muito além dos limites do concelho”.

Todo este desenvolvimento favoreceu um movimento migratório que se reflectiu na evolução demográfica, conforme se pode constactar pelo quadro seguinte:

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Os resultados preliminares dos CENSOS de 2021 revelam que a população do município de Águeda diminuiu, de 47.817 para 46.119, na última década, menos 1.698 pessoas, o que dá em média uma perda de cerca de 169 pessoas por ano, nos últimos dez anos. Para além da queda do número de residentes, constacta-se uma alteração nas características dos núcleos familiares, havendo um aumento significativo das famílias monoparentais, em 2011 de 16,2% para 20,8% em 2021. A tipologia das famílias com 3 ou mais filhos era, em 2011, de 51% sendo a referência nos Censos de 2021 de 44,4%. Quanto às novas famílias em Águeda, percebe-se o aumento significativo de 2,3% em 2011 para 3,5% em 2021.

Atualmente, a proveniência da população no concelho é cada vez mais diversificada. Nos censos de 2021, fica claro o aumento da população com naturalidade estrangeira sendo em 2011 de 5,0% para 6,0% em 2021.

Fundamentação

“A Terra não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo dos nossos filhos.”

(Provérbio índio).                               

Como seres humanos, somos responsáveis por honrar o legado dos que contribuíram para aqui chegarmos, por nos organizarmos o melhor possível, de forma a satisfazer as necessidades dos presentes e por antecipar e respeitar as das gerações vindouras. Como diria Edmund Burke, “a sociedade é uma parceria entre os que estão vivos, os que estão mortos e os que vão nascer.”

A partir deste sábio provérbio índio, inspirar-nos-emos, reflectiremos e trabalharemos em conjunto, com as nossas crianças e comunidade em geral, no sentido de respeitarmos e protegermos a nossa “casa grande”, o nosso planeta, ao qual pertencemos e do qual dependemos, e que tem dado provas constantes e evidentes de que está a ser bastante maltratado. Cabe-nos a nós, Humanidade, corrigir comportamentos, atitudes, através de sensibilização, reflexão, exemplo, partilha e observação, trabalhar ao longo dos anos, com a firme convicção e esperança de que, pela educação, (essa arma poderosa), podemos mesmo mudar o mundo, contribuindo para a formação de crianças e adultos mais conscientes e com comportamentos mais consentâneos no que toca ao ambiente!...

Assim sendo, a equipa educativa deverá estar motivada em promover experiências enriquecedoras de aprendizagens significativas para as crianças, não esquecendo a importância da experimentação /observação real do meio envolvente.

A natureza e tudo o que ela oferece, deve fazer parte das experiências de aprendizagem das crianças, “…contribuindo, nomeadamente para a construção da identidade pessoal, social e cultural; para o conhecimento do património cultural e para a sensibilização à sua preservação; para o reconhecimento e respeito pela diversidade cultural.” (Ministério da Educação, OCEPE, p. 48).

As vivências e brincadeiras com os elementos naturais propiciam inúmeras conquistas:

✓ Autonomia e segurança
✓ Conhecimento do próprio corpo
✓ Habilidades motoras, destreza e equilíbrio corporal
✓ Florescimento da imaginação e fantasia
✓ Interesse e encantamento pelo mundo
✓ Vitalidade e saúde

Terra, água, ar e fogo estão por toda a parte, são forças vitais que compõem a natureza, estão fora e dentro de nós, fazendo parte integrante dos seres vivos, incluindo naturalmente os seres humanos…

Colocar a criança em contacto com os 4 elementos é conectá-la com sua própria essência, é respeitar as suas idiossincrasias, é desfrutar da comunhão com sua natureza interna.

Como sugere (RHODEN 2014), «brincar previne, trata e não possui contraindicações».

A Terra e os seus “brinquedos” estimulam a imaginação da criança, a sua curiosidade podendo revelar-se um desafio constante, proporcionador de um misto de emoções e sensações, algumas únicas!...

Fogo é mobilidade, dinamismo e renovação. Os brinquedos ligados ao fogo remetem para o uso de muita energia. O fogo é vivacidade em constante renovação: aquece, aconchega, ilumina, destrói… provocando intimidade e aproximação entre pessoas, não deixando ninguém indiferente!

Ar é movimento, leveza e expansão. Quando a criança brinca com o ar, o corpo e a “alma” ampliam-se e a imaginação é ativada.

Água é fluidez, entrega, limpeza e vitalidade. As brincadeiras com a água proporcionam o relaxamento do corpo rígido que necessita de se entregar, fluir, imaginar…

“As crianças que pensam de forma crítica são mais independentes, pois questionam e tentam obter respostas para as suas perguntas, com o propósito de alcançar a compreensão.” (C.E.I., n. 127, ano 2022)

Assim, as diferentes respostas sociais pretendem ajudar a incrementar este tipo de aprendizagem individual e coletiva de acordo com as suas idades.

 

A importância dos quatro elementos da natureza na Creche

“As forças mais profundas que vivem no íntimo da criança, só podem ser tocadas e avivadas pelo brinquedo mais sadio do mundo: o brinquedo chamado natureza.”

KISHNICK, Rudolf                        

Partindo deste pressuposto teórico, compreendemos que brincar, na primeira infância e estar em contacto com a natureza, é estimular a criança a viver na sua própria natureza, ou seja, no ambiente natural da sua fase infantil. Neste espaço podemos encontrar também os estímulos naturais para que elas desenvolvam o seu potencial humano e criativo, pois ao colocar-se em contato com os processos da natureza e a reconhecer neles movimento e ritmo, a criança também se inspira a se desenvolver como natureza humana.

Neste sentido, ao longo destes anos de implementação do projecto, propomos realizar um trabalho com as crianças da creche através de jogos e brincadeiras que contemplem os 4 elementos da natureza. O objetivo é fomentar o reconhecimento da natureza viva que existe fora e dentro de si mesmo, promovendo a valorização e o respeito pelos seus processos naturais. Segundo Ana Lúcia Machado, «colocar a criança em contacto com os 4 elementos é conectá-la com sua própria essência, é desfrutar da comunhão com sua natureza interna.»

De acordo com os 4 grandes estágios do desenvolvimento da inteligência de Jean Piaget podemos perceber o quanto é importante na educação infantil o viver, experimentar e fazer as coisas com a máxima participação dos sentidos, em detrimento do ensinar, ou apenas de transmitir conhecimentos. Por isso, como compreendemos que a Educação Ambiental na infância passa essencialmente pelas vivências com a natureza e como o brincar é uma linguagem de desenvolvimento infantil, nada melhor do que favorecer às crianças o melhor brinquedo que existe: a Natureza!

 

A importância dos quatro elementos da Natureza no Jardim de Infância

À medida que vai deixando o egocentrismo, a criança vira-se mais para o Outro, para o exterior, para as interacções, interpretando e interpelando o que a rodeia. Esta nova maneira de se relacionar e interagir, quer com o Outro, quer nos diferentes contextos de diferentes naturezas, são o garante de formas de aprendizagem que irão contribuir e enriquecer o seu potencial. Assim sendo, aprendizagem e desenvolvimento complementam-se e influenciam-se intrinsecamente, não sendo possível, em educação de infância, dissociá-los, tendo subjacente o pressuposto de que, cada criança vem “munida” do seu próprio processo de maturação biológica e das suas vivências, fazendo de cada uma, um ser único!

Em idade de Jardim de Infância (3 / 6 anos), os ambientes naturais exteriores têm um papel fundamental no desenvolvimento global, permitindo apropriarem-se de um Todo, a ser observado, explorado, descoberto e experimentado, em perfeita harmonia e equilíbrio.

Brincando ao ar livre, as crianças aprendem e apreendem o mundo, a importância de o cuidar e preservar, as sensações, o contacto, a imaginação, a liberdade, o movimento, a socialização e o puro prazer!

 

A importância dos quatro elementos da Natureza em Centro de Atividades Tempos Livres - CATL

A criança dos 6 aos 12 anos encontra-se num contínuo desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social. Com maior capacidade, mais autonomia e a ganhar maior consciência de si, do outro e do meio. As suas relações são mais amplas e, à medida que vai crescendo, tem maior necessidade de estar em grupo, perceber que faz parte de uma sociedade. Tem prazer em realizar atividades em conjunto, descobre interesses semelhantes e diferenças.

Nesta fase a criança constrói a sua identidade, confronta as suas emoções e desenvolve os valores morais.

Trabalhar os quatro elementos da Natureza permitirá promover o desenvolvimento de uma consciencialização para a importância da prevenção do ambiente e dos seus elementos naturais.

Ao explorarem o mundo que as rodeia, as crianças do CATL vão compreender a sua posição e o seu papel, e com as suas ações poderão provocar mudanças positivas, por isso, a realização das práticas contextualizadas e desafiadoras nesta área de conteúdo é facilitadora do desenvolvimento de atitudes que promovam a responsabilidade partilhada e a consciência ambiental e de sustentabilidade.

Desta forma, promove-se a formação de cidadãos e cidadãs críticos, criativos que saibam ver, ouvir e sentir com o coração, preparados para participar ativamente na sociedade e no mundo.

Metodologia

A Equipa pretende dividir este Projeto Educativo nos Quatro Temas atrás mencionados, correspondendo cada um deles a um ano lectivo. Estes grandes Temas irão ser trabalhados, sensibilizados e experienciados em variadas actividades que serão desenvolvidas individualmente por cada uma das respostas sociais/sala e também em parceria/intercâmbio entre respostas sociais.

A escolha dos temas foi efectuada por auscultação interna, incluindo adultos, crianças e pais. Este tema foi o escolhido pela pertinência, abrangência, respeito e valorização que o mesmo encerra e insere-se mais especificamente na área de Conhecimento do Mundo Físico e Natural, que valoriza o contacto das crianças com a Natureza, como forma de promover o desenvolvimento de uma consciencialização para a importância da preservação do ambiente e dos seus recursos naturais.

Objetivos

Objectivos gerais:

• Desenvolver a noção de si e do outro;
• Desenvolver a capacidade de reflectir em grupo;
• Promover o envolvimento das famílias e das várias repostas sociais da Instituição;
• Envolver a comunidade;
• Contribuir para a formação integral da criança;
• Divulgar na comunidade o trabalho desenvolvido;
• Contribuir para a mudança de atitudes, comportamentos e para a formação de novos hábitos face ao ambiente;
• Sensibilizar a comunidade educativa para a preservação dos recursos naturais;
• Reconhecer a importância dos elementos essenciais da natureza.

Objectivos específicos:

Tal como referido na metodologia, a cada ano corresponderá um elemento da natureza, o qual incidirá sobre um conjunto de objetivos específicos que serão desenvolvidos ao longo dos 4 anos do Projeto Educativo.

1º Ano: Água

• Sensibilizar para a importância da água no dia-a-dia;
• Dar a conhecer os recursos naturais (fontes, rios, lagos, mares), saber como poupá-los e preservá-los;
• Conhecer o ciclo da água;
• Conhecer os perigos da água contaminada;
• Sensibilizar para a importância da não-poluição no mar;
• Reconhecer que os cuidados com o meio ambiente promovem a qualidade de vida, para os seres vivos;
• Despertar para a importância da preservação de espécies animais e vegetais, sensibilizando para problemática das extinções;
• Promover actividades que sensibilizam para a importância de preservação e manutenção dos recursos hídricos.


2º Ano: Fogo

• Consciencializar para a importância do fogo como fonte de calor e de energia;
• Consciencializar para a importância do fogo como destruidor do meio ambiente;
• Compreender a importância do fogo ao longo da evolução humana;


3º Ano: Terra

• Conhecer as principais características da biodiversidade (fauna e flora) do nosso planeta;
• Aprender a separar o lixo e a reciclar, reutilizar e sensibilizar para a sua redução;
• Reconhecer que os cuidados com o meio ambiente promovem a qualidade de vida, para os seres vivos;
• Despertar para a importância da preservação de espécies animais e vegetais, sensibilizando para problemática das extinções;
• Sensibilizar para os bons hábitos de preservação, não poluir, evitar incêndios, etc.


4º Ano: Ar

• Sensibilizar para a importância do ar;
• Perceber a importância que tem a manutenção da qualidade do ar, para os seres vivos, efeitos da poluição (do ar e sonora);
• Reconhecer que os cuidados com o meio ambiente promovem a qualidade de vida, para os seres vivos;
• Incentivar a boas práticas e fazer opções mais ecológicas;
• Explorar o elemento Ar.

Estratégias de Desenvolvimento do Projeto

Pretendemos com este Projecto Educativo, envolver a comunidade educativa, levá-la a participar e a desenvolver o seu sentido ecológico contribuindo para a preservação do meio ambiente.

Especificamente com as crianças esperamos que estas tenham oportunidade de vivenciar diferentes contextos e realidades enriquecedores através de experiências e acções de sensibilização, visitas de estudo a locais de interesse, experiências científicas, exploração de materiais e técnicas, entre outras estratégias que irão sendo definidas, tendo por base o Plano de Atividades.

É também nosso objectivo partilhar as nossas vivências com as famílias, divulgá-las junto de comunidades, interagindo com elas promovendo espaços socioeducativos e seus valores.

Avaliação

A necessidade de crescer em qualidade implica o reconhecimento de se realizar uma autoavaliação da implementação do Projeto Educativo.

De acordo com as Orientações Curriculares (OCEPE) avaliar “implica tomar consciência da ação para adequar o processo educativo às necessidades das crianças e do grupo e à sua evolução” (Ministério da Educação, OCEPE, 1997 p. 48). Deste modo, pretendemos que a avaliação seja um instrumento de conhecimento acerca da evolução das crianças sobre as diferentes áreas de conteúdo que são abordadas.
A avaliação não terá apenas como intenção avaliar as crianças, mas também avaliar reflexivamente toda a prática pedagógica, ou seja, as atividades desenvolvidas a fim de dar resposta às necessidades das crianças.

Passará ainda por avaliar o nível de envolvimento dos intervenientes na aplicação do Projeto Educativo e consequentes Planos de Atividade, assim como pelo grau de execução das atividades e objetivos inscritos nos Planos Anuais de Atividades das diferentes respostas sociais. Por último, no final do Projeto Educativo, haverá espaço para uma avaliação retrospetiva, reflexiva que nos permita analisar o caminho percorrido ao longo da vivência do mesmo, através dos seguintes parâmetros:

• Conformidade – Comparação das atividades com os objetivos e finalidades estabelecidas;
• Eficiências – Verificação da máxima utilização dos recursos disponíveis;
• Pertinência – Verificação da correspondência entre as atividades desenvolvidas e as reais necessidades;
• Eficácia – Avaliação dos resultados comparando-os com os recursos investidos.

“A natureza é cheia de magia, mas só nos apercebemos disso quando estamos em contacto directo com ela”.

(Anónimo)                                         

         
Águeda, 19 de setembro de 2023

Bibliografia/ Netgrafia:

• Ministério de Educação (1997). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa: Departamento da Educação Básica;
• Ministério de Educação (2016). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa: Departamento da Educação Básica;
https://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=3172
• “Libertem as crianças”, Carlos Neto, 2021
• Cadernos Educação de Infância (C.E.I), n. 127, ano 2022

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